Proposta partiu do requerimento do vereador Carlos Zoel baseado no novo regimento interno
Na primeira sessão ordinária do ano, algo inusitado deixou os parlamentares boquiabertos e estáticos – a eleição da nova mesa diretora da Casa. Muitos esperavam uma eleição no final do ano, com possibilidades de fazer negociatas, talvez tentar barganha.
Mas o vereador Carlos Zoel (PP) saiu na frente, entrou com um requerimento, com base no que prevê o regimento interno da Casa (reformulado e aprovado por unanimidade ano passado) pediu a eleição da nova mesa diretora para o biênio 2019-2020 na sessão de ontem (19). Todos foram pegos de surpresa com a iniciativa do vereador e, no calor do turbilhão que causou nos neurônios dos parlamentares, sobretudo de alguns que não queriam a nenhum custo a eleição naquela sessão, o vereador Edimar Dias (PHS) pediu visto para o requerimento, dizendo não entender o teor do documento.
O visto posto em votação foi negado. Com votos favoráveis apenas do vereador Magno (PCdoB) e do próprio solicitante, vereador Edmar Dias. Em votação o requerimento, Dias votou favorável ao documento e, Magno, coerente, se manteve contra.
Com a aprovação por 7 a 1, aconteceu a eleição, com seis votos favoráveis e apenas dois contra. Assim foi reeleita a mesa com Antônio Félix (PSL), presidente; Gesmar Nogueira (PSDB), vice-presidente; Maria José (PSD), primeira secretária e Renato Arruda (PRP), segundo secretário.
Para o autor do requerimento o motivo primordial foi evitar uma eleição tão cheia de meandros. E assim “deu-se uma eleição tranquila, limpa, que realmente o presidente merece, pela transparência, pelo trabalho que ele vem fazendo. E pelo que já foi mostrado esse ano, essa mesa tinha que continuar. E eu me sinto realizado no sonho que eu tinha em fazer uma eleição limpa, não aquela que aconteceu”.
Aproveitando o ensejo o vereador ainda citou o que ele chamou de vitórias: “A vitória do transporte escolar, que antes era licitado ônibus e, os alunos andavam de D20. Hoje 95% da frota que transporta os alunos são vans ou ônibus. A CPL foi uma briga cerrada com o gestor, que não queria transparência. Mas graças à justiça, que a gente foi obrigada a procurar, a CPL está transparente. Se precisa de um documento eles passam para gente”. Por fim o parlamentar citou a reforma das escolas, que segundo ele “não terminou ainda, mas vão terminar. Estão fazendo o que já era para ter sido feito”.
O parlamentar ainda agradeceu a todos os seus colegas pelo empenho nas ações e os votos que culminaram na aprovação de seus requerimentos, bem como agradeceu os préstimos da assessoria jurídica da Casa.
Ainda ratificou que imaginava “começar o ano mais tranquilo, um ano de conversas com o gestor, mas já começou perturbado. O que ele está fazendo com os professores! Ele está passando por cima de uma lei aprovada aqui na Casa. Nem conversar ele não quer”.
O vice-presidente da Casa, Gesmar Nogueira disse que sua preocupação “é dar um fim nesse poder de barganha, de estar negociando cargos, extorquindo o dinheiro público do município. Isto está extinto aqui em nosso município, pois entendemos que antecipando a reeleição da câmara será um basta no que eu acabei de falar. E outra coisa, fazer uma eleição dessas no período eleitoral em que está se aproximando, com certeza iria gerar conspirações maldosas de quem pretenderia chegar à presidência desta Casa”.
A vereadora Maria José ao votar em Antônio Félix, justificou seu voto ao dizer que a Casa tem sido “muito bem conduzida”. “Já foi um ano de experiência”. E fez questão de enfatizar que “o servidor público da Casa, pela primeira vez recebeu o terço de férias, sendo que o 13º salário já tinha”. E não economizou elogios ao presidente: “Não desmerecendo meus colegas, mas a dedicação do nosso presidente é enorme. Ele corre atrás, busca, auxilia e está presente lado a lado dos vereadores. Ele é incansável”.
A parlamentar também se reportou ao caso dos professores, que há dois dias estão sem dar aula num impasse com a administração a respeito da carga horária. Segundo a parlamentar em gestões passadas foi adquirido o direito de uma carga horária reduzida para 13 horas. “Direito adquirido em gestões passadas através de diálogo entre a gestão, professores e sindicato. E este ano voltou para 15 horas/aula. Tentei conversa com a secretária e pedi uma justificativa. Esta foi dada e não convenceu nenhum professor. Tentamos, junto com os professores e o sindicato conversar com o gestor, mas não foi possível. Por isso o sindicato junto com a classe tomaram a decisão de suspender as aulas”.
O presidente Antônio Félix, já reeleito disse que foi “uma surpresa” e, que não tinha uma palavra inicial para definir “a brilhante iniciativa do vereador Cazoel, bem como a forma como os demais colegas acataram a iniciativa do parlamentar”. “Pois estamos em ano eleitoral e, uma eleição desta em tal período, poderia não sair com a lisura que esperamos e que é necessária”. E ratificou: “Todas as matérias que o executivo mandou para Casa, olhamos, analisamos e votamos. Outras pedimos que fizessem alguns ajustes e, em seguida, votamos. Os requerimentos postos em votação foram aprovados. Infelizmente não tivemos o êxito de receber os atendimentos de todos. Entendemos que se pede, mas às vezes o executivo não tem condições financeiras de atender aquele pedido”.
Por fim, falando como presidente eleito para o próximo biênio, Félix disse que no final de seu mandato em 2020 dirá “me sinto honrado em honrar os meus colegas que acreditaram em mim, reconheceram o trabalho que temos feita na Casa”.
