Ana Patrícia – De vereadora a presidente da câmara. Fazer uma legislatura boa, que contribua para a melhoria do município é o esteio de sua gestão

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Destaca a educação evidenciando a importância de cursos profissionalizantes e diz ainda que manter o diálogo é essencial para o melhor andamento dos poderes

Ela foi eleita vereadora com 692 votos, numa campanha na qual dedicou pouco tempo, pois estava apreensiva com o estado de saúde de seus pais. Então, juntamente com seus irmãos revezou entre a campanha e acompanhar o tratamento de câncer do pai e de depressão da mãe. Nesse ínterim ela refletiu o quanto a família é importante em tudo na vida e considera que venceu, não só as eleições, mas a enfermidade também, uma vez que seus pais estão bem melhores.

“Nada acontece sem a permissão de Deus”, disse por ocasião de sua posse como vereadora e presidente da câmara, no início do mês passado. E por esta ótica Ana Patrícia Santos de Sá Araújo nos concedeu uma entrevista ratificando o que disse em seu discurso: “Todos os vereadores terão voz e vez”.

Analisou o progresso de Fortaleza dos Nogueiras; pregou o diálogo e harmonia entre os dois poderes; opinou sobre reeleição, grupos políticos e disse que fará uma gestão primando pelo desenvolvimento do município. Destacou que a educação é a base e que vai se esmerar para trazer mais cursos profissionalizantes para qualificar, sobretudo os jovens. Afinal “a educação é quem rompe barreiras”, evidenciou.

Ser eleita vereadora de Fortaleza dos Nogueiras era um projeto seu?

Eu venho de uma família que tem alguns tios meus que já foram vereadores. Eu acho que está no sangue. E apareceu o momento certo. Foi muito turbulento no início, porque meu pai adoeceu e minha mãe também. Foi uma coisa assim muito inesperada. Meu pai está fazendo tratamento contra o câncer, graças a Deus já está na radioterapia, está dando tudo certo, o tumor está regredindo. E minha mãe teve depressão muito forte.

Talvez em virtude de todo o acontecido e…

Também do coronavírus.

Ela teve?!

Não, mas a gente teve de se afastar por causa da covid e da doença do meu pai. Então foi um baque muito grande para ela e, eu já estava percebendo nela um iniciozinho de depressão e acho que ela tomou muita medicação. Na verdade, eu não sei o que aconteceu, graças a Deus dos males o menor, mas deu um susto muito grande na gente.

Você já vem de uma família política. Talvez essa vontade de ser vereadora algum dia surgiu de lá.

Com certeza. Já pensei, já tinha dito para o meu marido que eu ia entrar e ele sempre dizendo, não. E até que surgiu a oportunidade, apesar de ter iniciado de uma forma tão turbulenta deu tudo certo, porque era para ser.

E foi uma eleição expressiva.

Foi.

Esperava essa quantidade de votos?

Não. Alex, eu só pedia a Deus assim: Senhor, eu só quero ganhar! E aí Ele me deu mais do que eu pedi, porque eu não imaginava que eu ia ter essa quantidade de votos. Até porque, eu fui a última a começar pedir voto. Eu saí pedindo de casa em casa; primeiro fui no sertão e foquei muito aqui na cidade onde tem mais pessoas.

Foi pouco tempo pedindo voto para uma votação expressiva. A que você atribui?

Primeiro à minha família, aos meus pais, tanto minha mãe quanto ao meu pai, que já têm uma história de vida aqui em Fortaleza e, também ao meu trabalho junto ao sindicato dos produtores rurais, servindo o produtor rural; à rádio, que eu tinha um programa – A Voz do Produtor; aos cursos do SENAR, que eu sempre trago em parceria com a irmã Claudete e com a própria prefeitura. Então tudo isso fez com que desse certo.

Eu lembro que no discurso seu no dia da posse dos eleitos você disse que tudo acontece pela provisão de Deus. Então falando em Deus, como se não bastasse vereadora, presidente da Câmara. Como foi? Algo também inesperado!?

Com certeza. Foi inesperado. Na verdade, foi um pedido do prefeito, e juntamente com meu pai e meu marido, todos nós achamos que era o momento e, que eu tenho capacidade. Então porque não aceitar?!

É mais…

Um desafio

“Concorrer à presidência da casa foi um pedido do prefeito, e juntamente com meu pai e meu marido, todos nós achamos que era o momento”

Primeiro mandato de vereadora e já entrar como presidente da câmara. Olhando essa questão parlamentar, para você qual é o papel primordial do vereador?

Primeiro ser a voz do povo: ver os anseios, procurar ajudar da melhor forma, contribuir para o desenvolvimento da cidade e, claro, fazer todo um trabalho em conjunto com os vereadores e também com o prefeito para buscar sempre melhorais para nossa cidade, para a população, para as pessoas mais carentes e, também o papel de fiscalizar.

Como você pretende conduzir os trabalhos. Essa questão: legislativo e executivo?

Trabalhar em conjunto. Como eu já disse, todos os vereadores terão voz e vez. Quero fazer uma câmara que a gente possa conversar, dialogar. Pois nunca só eu tenho razão ou só outro vereador tem razão, temos que ver os pontos de vista e procurar fazer uma legislatura boa, que contribua para a melhoria da nossa cidade. E tudo o que for de bom para o nosso município nós estaremos juntos com o prefeito, ajudando.

“Todos os vereadores terão voz e vez. Temos que ver os pontos de vista e procurar fazer uma legislatura boa, que contribua para a melhoria da nossa cidade”.

Você visitava algumas vezes as reuniões da câmara. De vez em quando eu a via lá. Como você avalia o trabalho dos vereadores?

Todos deixaram seu legado. Eu acredito muito nisso. E lembrando a primeira vez que eu fui achei estranho. Eu pensava que ali era a voz do povo. Eles fizeram a votação do que eu estava lá para ver, que era cargos, careira e salários do servidor e só depois da votação é que foi dada a oportunidade para nós que estávamos lá, falar alguma coisa. O rito da câmara é esse e, até então eu não sabia. Eu achava que teria de ouvir primeiro o que as pessoas estavam querendo dizer, anseio daquelas pessoas para depois tomar uma decisão – a votação.

Você acha que foi uma contraposição ao povo?

Não. Basicamente foi o rito, mas me surpreendeu porque eu pensava que não deveria ser assim.

Como é que você ver o papel da oposição?

Sinceramente neste governo eu acho que não vai ter oposição. Assim: todos os vereadores eu acho que é de unanimidade fazer tudo que seja em benefício da nossa cidade, consequentemente para a nossa qualidade de vida. Os vereadores com quem eu já conversei, que foram todos, praticamente, estão nessa linha de que, o que for bom para o município ‘podem contar com a gente’. O que nós acharmos que precisa conversar mais para entendermos mais alguma coisa, com certeza vai ter conversa. O diálogo é essencial, Alex. Sempre tem que ter diálogo.

Então nessa questão de diálogo se houver alguma coisa que os vereadores – a maioria – entender que aquilo não é benéfico para o povo, não se fará aquela oposição ferrenha, a tentativa será no diálogo resolver, ajustar…

Com certeza. Eu acredito muito que essa câmara de vereadores vai agir dessa forma.

Para você analisar o progresso de Fortaleza dos Nogueiras nos últimos três mandatos. Eu me refiro ao mandato que acabou recentemente e mais uns dois para trás. Fortaleza tem progredido de lá para cá?

Eu acho que Fortaleza progrediu bastante neste último mandato.

Fortaleza teve um salto nestes quatro anos em detrimento dos outros mandatos?

Eu acho.

Em tudo? Ou você citaria algo específico?

Basicamente infraestrutura da nossa cidade. Por exemplo, Farol da Educação. Obras de mil novecentos e antigamente inacabadas; entrou e saiu gestor e não terminou. E hoje, as obras inacabadas aqui no município eu não vejo mais. O estádio de futebol que era um anseio de muita gente, que antes não tinha e agora tem. Enfim, cresceu muito e tem muito a crescer. Eu acredito muito que o Natan vai desenvolver mais ainda nosso município.

E a gente agora esbarra em reeleição. Primeiro, você é contra ao a favor de reeleição? Contudo observa-se que Fortaleza dos Nogueiras não tem um currículo de reeleição de prefeito, consecutivamente. Só o ex-prefeito Gildásio Chaves Ribeiro foi reeleito de forma conseguinte. Você concorda que deve haver reeleição no poder executivo?

Eu acho que é muito precoce eu falar a respeito de reeleição. Praticamente, não começou ainda a gestão do prefeito Natan. Eu acho que se ele for um bom prefeito, atender as necessidades do município, porque ele não conseguiria se reeleger?!

A nível de Brasil você acha que reeleição para prefeito, presidente, governador é interessante que tenha?

Acho sim. Se for um gestor que realmente esteja fazendo acontecer, que a gente ver que ele tem capacidade, que está acertando, porque mudar?

Nesta eleição houve quem dissesse: ‘vamos ver se quem elege é o povo ou grupo político’. Como é que você ver os grupos políticos? Você acha que grupo político influencia muito no resultado de uma eleição?

Uma pergunta muito boa. Alex, no meu ponto de vista: o povo é quem tem o poder e ele escolhe quem ele acha certo. Eu ainda continuo nesta teoria de que a voz é do povo e é ele quem escolhe. Grupo político pode influenciar em alguma coisa?! Pode, mas ainda é a voz do povo que determina.

“Eu ainda continuo nesta teoria de que a voz é do povo e é ele quem escolhe. Grupo político pode influenciar em alguma coisa?! Pode, mas ainda é a voz do povo que determina”.

Qual sua crença nesse governo? Sua esperança?

Eu acho que será um governo de união, de bastante diálogo, um governo onde ele vai procurar acertar nas decisões que tomar. Eu acho que ele vai por aquilo que ele acha certo. Acho que a pessoa seguindo seus princípios e fazendo o que é correto, não tem como dá errado.

Um recado final.

Primeiro eu quero muito agradecer a Deus, porque sem Ele não somos nada. Em segundo, agradecer todos votos de confiança das 692 pessoas que acreditaram em mim, me deram a oportunidade de estar aqui representando-as. Eu sou mulher, sou produtora rural, sou esposa, mãe – são várias as frentes com as quais eu me identifico. E também falar para as mulheres de hoje em dia, que elas sejam quem elas quiserem ser. Nunca minimizem os sonhos. Você pode ser quem você quiser, basta garra e determinação. Isso serve tanta para nós mulheres, quanto para os homens.

“Nunca minimizem os sonhos. Você pode ser quem você quiser, basta garra e determinação. Isso serve tanta para nós mulheres, quanto para os homens”.

E para os jovens, eu acho que aqui em Fortaleza tem uma certa carência em relação ao futuro para eles, no que diz respeito a cursos profissionalizantes. Eu acredito muito na educação. Ela é quem rompe barreiras. Uma das coisas que eu quero muito trazer é mais e mais cursos do SENAR, SESI, SENAI para poder estar capacitando essa garotada para chegar no mercado de trabalho com competência. Dentre estes, tem o curso Técnico em Agronegócio do SENAR, de graça, que é 80% a distância e 20% presencial. Estou lutando para conseguir uma turma aqui, só que não tem, mas vai ter a parte presencial no sindicato dos produtores rurais em Balsas, que é bem aqui pertinho. E pensando assim: sempre fortalecer através da educação dando oportunidade para quem precisa. E quero parabenizar o Alex pelas matérias muito boas, extremamente elucidativas, íntegras; a pessoa lendo a tua matéria ela mesma tira o ponto de vista dela, o que é muito importante. E que você continue esse trabalho excelente e, quero lhe ver todas as segundas-feiras lá na câmara. (risos).

 

 

 

N.R.: Na segunda quinzena deste mês voltam as sessões ordinárias da Câmara Municipal.

 

 

 

 

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Alex de Brito Limeira é jornalista e escritor. Esteve sete vezes entre os melhores novos escritores do país em concursos literários promovidos por casas editoriais de São Paulo e Rio de Janeiro. Em Abril de 2011 lançou o romance O Crime da Santa. Foi repórter no jornal Folha do Maranhão do Sul, em Carolina – MA; Instrutor autônomo de redação discursiva e dissertativa. Em Fortaleza dos Nogueiras é pioneiro na comunicação social - jornalismo, ao fundar, editar e apresentar o Jornal da Cidade, na rádio Cidade FM de 2003 a meados de 2004. Foi âncora do Jornal da Cidade na antiga TV Cidade, editor e apresentador do jornal de mesmo nome na Rádio Cidade FM. Fundou a Gazeta Sul Maranhense (Fortaleza dos Nogueiras e região) e o site Gazeta OnlineG, que está em plena atividade. Em dezembro de 2022 torna-se um dos vencedores do desafio de criação de micro contos com o limite máximo de 150 caracteres e passa a compor a coletânea SEJA BREVE, SENÃO EU CONTO da Editora Oito e Meio de Flávia Iriarte - Rio de Janeiro.